As pessoas que me conhecem sabem que sou uma pessoa aversa a festas, se for de criança pior ainda, se for de pessoa que eu não conheço putz!! me sinto o verdadeiro estranho no ninho. Uns dizem que sou antisocial, bicho do mato, escroto, ranzinza e por aí vai. Eu acho uma grande idiotice... mas...
Vocês já repararam que as festas infantis de hoje em dia seguem um certo protocolo? As pessoas tentam fazer uma festa diferente para os seus pimpolhos, e no final das contas é a mesma festa que o filho da vizinha teve. Não muda, quer dizer as vezes o tema muda, mas até nisso o pessoal "varia" com seus personagens da Disney ou algum desenho japonês da moda... Na minha época minha mãe fazia o bolo, os doces e o salgados, arrumava a mesa e eu ficava muito feliz com isso. Mas hoje em dia não. Tem que ser exclusivo.
Você chega, fala com o aniversariante, entrega o presente, dá uma olhada no bolo e procura uma mesa para sentar. Aí começa a sessão "entupir os convidados": Salgadinho, refrigerante e algum outro petisco. Nessa hora surgem os comentários: "Salgadinho bom, né?!" "A coca tá geladinha" ou "Que salgado murcho!!" "Porra Tobi" "Cambada de pão-duro". Os comentários variam de acordo com a festa. Nesse momento todo mundo enchendo as burras de petiscos e o aniversariante que se dane! você pergunta "Quem tá fazendo aniversário "É aquele garotinho ali" É bom saber, vai que você malha a festa e ele está por perto.
Agora começa a pior parte da festa. Não sei para vocês, cada um tem um comportamento diferente. Eu falo sobre a hora dos Animadores de Festa! Começa leve, com brincadeiras lúdicas as vezes com dança das cadeiras e competições simples. Mas começa a partir daí começa a surgir o terror das festas! o raio da gincana!!! O animador pede uma coisa ridícula, tipo o maior sapato ou uma moeda de um centavo. Após o pedido sai aquela horda de crianças como os templários na terra santa lhe abordando "Tio me dá o seu sapato?" Tio? Que porra é essa? não tenho nem 30 anos e já sou tio?
Após essa abordagem você parece ser observado, os olhares parecem furar o seu corpo, você sua frio, sente cada minuto passar lentamente. Você está num pesadelo e não consegue fugir! "Ora que melhora", mas eu não tenho religião! tou ferrado. Puxo o ar com mais força, tentanto nesse tempo tirar a solução mágica que vai me livrar desse estado vexatório. Os pensamentos pulam sobre a sua cabeça, tento organizar uma linha de raciocínio. Enquanto isso a pobre criança me observa esperando o bote. Na sua cabeça a resposta será positiva. Ela domina a situação. Não posso me abater.
Esses 5 segundos entre a abordagem dele e a sua resposta parecem se mover mais lentamente. Sinto que ele percebeu que está em vantagem. A batalhas se decidem nos detalhes, Eis que surge o detalhe! O recreador pediu um sapato no sentido lato da palavra, em tese serviria qualquer coisa que se pudesse calçar, mas o pequenino guerreiro seria ludibriado por uma alma pérfida! Volto das cinzas assim como o fênix, me sinto fortalecido, agora o combate está a meu favor e me viro para a pequena criatura e digo "Eu não tenho sapato, estou de tênis!" Ele titubeia, mas volta ao encontro do seu mestre entristecido por não poder executar a tarefa incubida a ele. Olho para frente e vejo ele se aproximar do recreador. Por um momento nossos olhares se cruzam. Me sinto poderoso. Tal como o chefe dos Sarracenos perante uma batalha contra os templários. I Got the Power!!
Após um brilhante momento de insanidade, vem a hora do parabéns! A grande celebração de menos 1 ano de vida. Chega todo mundo perto do bolo e começa a sinfonia desafinada. Parecem trolls! surgem palmas tímidas e você pensa que está por perto de acabar! ledo engano. Nessas horas sempre aparece um gaiato para cantar aquela famosa canção "Derrama senhor, Derrama senhor". Pequenas doses de religião goela abaixo. Fazer o que né? Os jesuítas ensinaram. Depois de assoprar a vela com bastante força para colocar bastante saliva, Temos então a parte que alguns adoram e outros detestam: O bolo e os docinhos. Basicamente é a mesma coisa que com os salgadinhos, entupir o quanto puder, nessas horas começam a surgir os primeiros cachorros magros, levantando de suas cadeiras, catando os doces e indo de fininho embora. A festa entra em seu ciclo descendente: Pouca animação, pouca fome e sede e muito vontade de ir embora. Mas por incrível que pareça tem gente que não arreda o pé! vai ficando, ficando...Começam a surgir as primeiras táticas para expulsar esses indivíduos: Os garçons param de servir, começam a arrumar as coisas. Normalmente após isso eles tomam o seu caminho. Mas se não funcionar, começar a varrer o local e recolher mesas e cadeiras devem resolver. Se não resolver é porque eles são uma cambada de filho da puta mesmo!
E aí termina a festa "exclusiva" que todo mundo tem.